segunda-feira, 26 de março de 2007

EXTRA EXTRA: Notícia Velha Friazinha

TUDO SOBRE MEU IRMÃO

Quando pequena, sempre ganhava o mesmo que minha irmã. Presentes, bronca, comida. Não achava justo, afinal, sempre fui mais velha e mais gordinha que ela. Merecia mais presentes por estar mais perto do dia em que não mais ganharia afetos no dia das crianças. Merecia menos bronca por ser mais madura e, já que era eu quem assumia o papel de mãe substituta assim que a oficial virava as costas, era inconveniente me desmoralizar. E a mais injusta das injustiças: recebíamos o mesmo tanto de comida, eu tinha fofos quilinhos a mais, que deveriam ser saciados.
Cresci. E as mágoas daquele regime socialista familiar ficaram no passado. Mamãe ensinou bem e hoje sou capaz de dar uma bola de sorvete da minha casquinha se acaso cair no chão o picolé da minha irmã.
Lembrando das notícias de semanas atrás, foi-me impossível não fazer a seguinte observação: Nosso ilustríssimo governador Roberto Requião (PR) bem que poderia ter sido filho de minha mãe. Com o maior salário entre os governadores dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, recebendo 113% a mais que seu antecessor no cargo e ganhando mais que o presidente da República, certamente levaria umas boas palmadas. Porém, tentariam explicar a nossa mãe que o humilde salário de R$24,5 mil, está dentro da lei (mas achariam desnecessário mencionar que é o equivalente ao teto máximo que pode ser pago a um membro do poder público brasileiro em qualquer instância ou poder), também diriam que a Lei Federal que permite esse salário foi sancionada pelo seu antecessor, Lerner, a quatro dias do fim de seu segundo mandato. E valeria a pena lembrar: o projeto para tal lei foi encaminhado à Assembléia Legislativa a pedido não de Requião e sim, do Deputado Estadual Caíto Quintana que, coincidentemente (e ai de mim duvidar das coincidências), estava prestes a assumir a chefia da Casa Civil de Requião, cargo que ocupou até o ano passado.
Quando criança, confesso, usava artimanhas a la Magaiver para conseguir mais presentes, menos bronca e mais comida. Crises inesperadas, carinhos articulados, doenças supersônicas. E como um grande conhecedor da psicologia infantil, o deputado Durval Amaral (PFL), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia, opina, sabiamente, “É melhor remunerar bem do que ter a preocupação de que o governador busque outras fontes”.

Sentiu-se incomodado? E a notícia (essa fresquinha) de que a Comissão de Tributação e Finanças chegou a aprovar um aumento de 26,49% no salário dos parlamentares, de ministros e do vice e do presidente da República? Te causa desconforto? Tenho a solução: espere passar algumas semanas, ate as mãos ante os fatos e diga com toda a serenidade "fazer o quê? águas passadas não movem moinhos..."

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